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Padrões irreais de beleza e seus impactos: uma conversa que a gente precisa ter

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Esse fim de semana eu estava no shopping com meu marido e decidi entrar em algumas lojas pra ver se achava um biquíni novo, vamos viajar em breve e os meus já estão um pouco velhos.

Entrei tranquila, me sentindo bem.


E em todas as lojas as etiquetas diziam: 


– “Modela e esculpe”
– “Modela e esculpe”
– “Controle de abdômen”
– “Controle de abdômen”
– “Realce de forma”
– “Realce de forma”


Gente, pensa numa pessoa que saiu irritada.


Eu tinha entrado em paz com meu corpo. Não estava preocupada com barriga, peito, nada. Mas saí de lá me perguntando:


Como a gente consegue se amar e viver em paz com nossa imagem, se é atacada o tempo todo por mensagens de inadequação?


Perguntei pro meu marido se ele já tinha visto esse tipo de etiqueta em roupas masculinas. Obviamente, a resposta foi não.


Eu não sou exatamente uma pessoa em paz com o espelho. Tenho minhas neuras, e na maior parte do tempo não me acho bonita. Mas, nos últimos anos, venho trabalhando muito a relação com meu corpo, com a vida e com a comida. Tem muita coisa ancestral, emocional e social envolvida.


Então decidi escrever, pra poder demonstrar minha insatisfação por escrito e também pra, quem sabe, trazer um pouco de alívio para mulheres que se sentem menos por não aceitarem seus corpos.


Então, se você ainda está lendo, espero que os próximos parágrafos te tragam um pouco de paz ou o empurrão que você precisa para procurar ajuda :) 

 


Se você também sente dificuldade de amar a sua morada, quero te lembrar de duas coisas:


1. Você não está sozinha


  • De acordo com o National eating disorders.org, 69% a 84% das mulheres desejam mudar o corpo de alguma forma.

  • De acordo com o Dove Global State of Beauty Report (Dove Report do estado global da beleza) apenas 14% das 33000 mulheres entrevistadas em 20 países diferentes,  se sentem extremamente confiantes com sua imagem.

    • Um dado ainda mais chocante dessa pesquisa é que

2 em 5 mulheres estariam dispostas a abrir mão de um ano ou mais de suas vidas se isso significasse atingir o corpo ou a aparência considerada ideal. 
  • Um estudo estudo sobre o impacto da Barbie na autoimagem feito pela Harmony Healthcare IT, revelou que, das mulheres entrevistadas 79% têm percepção negativa do próprio corpo e 41% delas têm medo da temporada de biquíni, influenciadas por padrões estéticos impostos pela mídia e pelo mercado

  • Sem contar, é claro a quantidade de mulheres que você conhece, que na sua cabeça são lindas e perfeitas, mas que quando elogiadas, rapidamente mencionam um defeito em sua aparência, ou que justificam a beleza devido a um procedimento estético ou uso de algum produto?



2. Nao eh culpa sua. 

  • As fotos que eu tirei na loja exemplificam isso muito bem, você só quer comprar uma roupa, mas é bombardeada com mensagens de que seu corpo não está dentro do padrão e por isso você deve mudá- lo. 

  • Por décadas a televisão, revistas e redes sociais, nos mostram imagens de corpos padrões retocados digitalmente, criando um padrão inatingível de beleza. 

  • Segundo a Dove, 9 em 10 mulheres e meninas já se depararam com conteúdo prejudicial sobre beleza nas redes.

  • O mesmo estudo da Barbie mostrou que 53% das mulheres da Geração Z acreditam que a boneca representa o corpo ideal. Agora imagine esse número se fosse sobre atrizes ou influenciadoras…



Tudo isso afeta nossa vida e nossos relacionamentos.


Há um tempo comecei a ouvir um podcast chamado “Food we need to talk” (Comida, precisamos conversar), apresentado por Juna Gjata (formada em Neurociência Cognitiva e Psicologia Evolutiva pela Universidade de Harvard) e Dr. Eddie Phillips (professor assistente de medicina física e reabilitação também em Harvard, e fundador do Institute of Lifestyle Medicine).


Juntos, eles exploram a ciência por trás da alimentação, exercício, sono, estresse e saúde mental, com uma linguagem acessível e baseada em evidências.


Em um episódio específico sobre transtornos alimentares, me dei conta de algo importante:

Eu achava que os transtornos alimentares existentes eram só bulimia ou anorexia.

Mas existem muitos outros, silenciosos, socialmente aceitos, mas emocionalmente destrutivos. Inclusive, percebi que eu carregava um comigo há anos.


Sabe aqueles aplicativos para calcular quantas calorias você consome em cada alimento? 

Eu não vivia sem, eu anotava até a balinha que vinha depois do almoço no restaurante.

 

Se passava do limite das minhas calorias diárias, eu me sentia super culpada e no dia seguinte, fazia jejum ou uma hora a mais de exercício, 

Independente do que eu estivesse fazendo, parte da minha atenção estava em quantas calorias eu ainda tinha pra comer naquele dia. Viagens e qualquer evento fora da rotina, me deixavam super ansiosa


Graças a este podcast eu percebi que estava com problemas e decidi procurar ajuda de uma profissional que não prescrevia contagem de calorias como forma de controlar o peso e manter se saudável.


Uma amiga me recomendou a maravilhosa Dra. Luceia Souza que antes de falar de comida, analisou meus comportamentos construídos em torno da alimentação.

Me ajudou a entender o componente emocional de tudo.

Falamos da infância, de hábitos, de pensamentos.

Ela me ajudou a entender que comer é um ato sagrado de nutrição.

Nutrição do corpo com comida saudável.

Nutrição da alma com aqueles alimentos que nos conectam com memórias afetivas, mesmo que não estejam no “cardápio ideal”.


Com esse novo olhar, e muita terapia, fui reconstruindo meu relacionamento com a comida. 

Menos culpa. Menos ansiedade. Mais presença.


Não é só sobre o que você come, é sobre como e por quê você come. 


A título de informação que é importante ser compartilhada e também para, quem sabe ajudar alguém que leia esse artigo, a identificar se tem ou conhece alguém que tenha um transtorno alimentar, aqui está uma lista dos principais transtornos e alguns de seus sintomas reconhecidos pela OMS - Organização Mundial de Saúde e DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).



Transtornos alimentares reconhecidos pela OMS e DSM‑5


  • Anorexia nervosa: restrição severa de comida, medo intenso de ganhar peso, imagem corporal distorcida

  • Bulimia nervosa: episódios de compulsão seguidos por purgação (vômito, laxantes, exercício compulsivo)

  • Transtorno da compulsão alimentar (em inglês: binge eating): episódios frequentes de comer em excesso, sem compensação, acompanhados de culpa e sensação de falta de controle

  • ARFID Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (em inglês: Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder): recusa ou restrição alimentar por medo, aversão sensorial ou preocupações que não envolvem imagem corporal

  • OSFED Transtornos Alimentares Especificados de Outra Forma (em inglês: Other Specified Feeding and Eating Disorder): transtornos clínicos alimentares que não se encaixam nos critérios tradicionais, como anorexia atípica, bulimia de baixa frequência, transtorno de purgacao, síndrome da alimentação noturna

    • Síndrome da Alimentação Noturna (em inglês: Night Eating Syndrome): comer à noite, muitas vezes após acordar, causando angústia e impacto funcional

  • Ortorexia Nervosa: obsessão por comer “saudável”, ainda não reconhecida oficialmente, reflete padrões de controle emocional semelhantes aos transtornos alimentares



Em conclusão… 

A etiqueta no biquíni parece sutil, mas carrega de forma silenciosa o peso de uma história coletiva. Falar disso é um ato de reconexão com a verdade do corpo, da alma e da nossa existência inteira.


Espiritualidade com direção também é olhar com coragem para o mundo como ele é, e decidir o que você não quer mais carregar.



Uma proposta pra gente refletir juntas


Em um mundo que vive apontando nossas diferenças como defeitos, que tal fazermos um pacto silencioso — de evitar ao máximo comentar sobre o corpo ou a aparência de outras mulheres?


Frases que parecem elogio, mas carregam julgamento, tipo:

“Como você emagreceu!” — como se a magreza fosse sempre um prêmio. 

“Por que cortou o cabelo? Eu amava o cabelão…” — como se a opinião alheia devesse definir nossas escolhas. 

“Você tem o rosto tão bonito, só falta emagrecer…” — como se a beleza fosse uma condição pra existir e o corpo magro o único aceitável. 

“Ficou bem mais jovem com esse corte.” — como se envelhecer fosse um erro.


Eu sei… não é fácil. A gente cresceu ouvindo isso — e, sem perceber, acabamos repetindo. Mas toda transformação começa com consciência.


A nossa aparência faz parte de como existimos no mundo, mas não define a totalidade do nosso valor. 

Quanto mais pessoas se tornarem conscientes disso, mais espaço daremos ao que realmente importa, e menos vamos sofrer por não caber em moldes que nunca foram feitos pra nós.



Importante:

Se você sente que sua relação com o corpo ou comida está afetando sua saúde física, mental ou espiritual, procure ajuda profissional.

Você merece leveza.

Você merece se sentir em casa no seu próprio corpo.



Quer conversar sobre isso?


Se você se identifica com esse texto, me manda uma mensagem aqui pelo site ou no Instagram: @almasviajantes_

Se sentir que essa mensagem pode tocar alguém querida, uma amiga, irmã, filha, sobrinha…  compartilha com ela.

Você nunca sabe o quanto uma conversa pode abrir caminho para a cura.


Com carinho,

Andressa


 

Fontes e leituras recomendadas:



 
 
 

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